sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ética e Politica


Quando se trata de ética e política não há respostas fáceis, é uma mistura complexa, insondável e basta a sociedade ter paciência de Penélope e esperar que eleitores, políticos e instituições amadureçam. A ética na política, ou a falta dela, atualmente, é a obsessão nacional. “Corrupção na política: eleitor vítima ou cúmplice?” o eleitor é muito crítico em relação às suas lideranças políticas em termos de ética e corrupção, esquecendo que tem total poder sobre seus representantes. Quanto mais ilegalidades o eleitor cometer ou aceitar no seu cotidiano, mais tolerante ele tende a ser com os atos de corrupção dos governantes e dos parlamentares.
As pessoas não vêem a ética como um valor absoluto, mas com gradações, em que é possível ser mais ou menos ético. O que parece peculiarmente brasileiro é a manipulação populista da corrupção como tema central do debate político, num país tão carente de discussões públicas de fundo sobre escolhas coletivas fundamentais. Há quem diga que são como água e vinho: não se misturam. Esta concepção sobre ética e política desconsidera que moral também é um fator social e como tal não pode se restringir a consciência dos indivíduos. Em outras palavras, embora a moral se manifeste pelo comportamento de cada um, ela expressa uma exigência da sociedade.
A crise política sem fim e sem precedentes sugere algumas reflexões sobre esses problemas, nenhuma profissão é mais nobre do que a política porque quem a exerce assume responsabilidades que exigem competência, o político, na sua capacidade de tomar decisões estratégicas na vida das nações tem uma influência na vida das pessoas maior do que em qualquer outra profissão.

A ética da política, porém, não é a mesma ética da vida pessoal. É claro que existem princípios gerais como não matar e não roubar, mas há uma diferença básica: na vida pessoal cada um é responsável apenas por si,já na política prevalece a ética da responsabilidade para com todos. Um grande número de políticos, porém, não age de acordo com ela. Muitos agem imoralmente, como temos visto nesta crise. Adotando os critérios anteriores, há três tipos de imoralidade na política: imoralidade quanto aos meios, quanto aos fins e quanto aos meios e aos fins.

A imoralidade quanto aos meios é aquela que resulta de os meios utilizados serem definitivamente condenáveis. A imoralidade quanto aos fins é aquela que se materializa quando falta ao político a noção de bem público: ainda que seu discurso possa afirmar valores, ele realmente busca apenas seu poder ou seu enriquecimento, ou ambos. Nesse caso, configura-se o político moralmente oportunista, que não tem outro critério senão seu próprio interesse.
Há certos casos em que o político usa qualquer meio para atingir seus fins pessoais, nesse caso, temos o oportunismo radical. Quando pensamos nos principais responsáveis pela atual crise moral, o que vemos é que poucos foram imorais apenas em relação aos meios, utilizando meios condenáveis como a corrupção e o suborno, mas se mantendo fiéis a seus valores. A maioria é constituída de políticos que traíram todos os seus compromissos e passaram a adotar políticas econômicas que até o dia anterior criticavam acerbamente.
No caso do nosso país, não temos mobilidade social. O "andar de cima” é hermético. O governo oferece vias de acesso. O poder gera insensibilidade aos sofrimentos deixados nas periferias. O escalador social age pior do que os antigos regimes. As medidas recentes contra idosos centenários, obrigando-os às filas para exibir sua existência, provam à anestesia ética dos nossos poderosos.
Extenso número de petistas neófitos,velhos partícipes da vida pública brasileira, engrossa (em todos os sentidos) a "base aliada". Se militantes heróicos escreviam cartas contra a quebra da ética em administrações do PT, hoje a tendência segue o rumo do pior. Existem na agremiação pessoas honradas que ocupam cargos em governos e Legislativos e operam na cúpula partidária.
Mas é impossível olvidar (e não por moralismo) as zonas cinzentas que nublinam o vermelho do partido. As reações na caça aos mandatos são melancólicas. A justiça deve ser regida pela sociedade, afinal, estamos num país democrático até onde se sabe. Caso oposto ficaremos no lugar-comum: "o medo venceu a esperança".
Não agiram de acordo com a ética da responsabilidade social, mas de acordo apenas com seu interesse em se compor com os poderosos ou com os que pensam serem os poderosos aqui e no exterior. Seus únicos objetivos é a permanência no poder. Cada vez mais cresce o índice de caça aos mandatos, políticos perdem seu poder em episódios cada vez mais lamentáveis em nossa história, outros continuam no poder nos subestimando como se não fossem responsáveis por nada,esquecendo seus valores morais e a ética principalmente. Esse tipo de política, porém, um dia acaba nas democracias.

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